Uma possibilidade para o ensino de biologia. Sobre educação inclusiva, o que deve ser considerado especial são as alternativas educativas organizadas pela escola, os métodos e procedimentos de ensino bem como os recursos a serem utilizados para atender este alunado específico e com estes remover barreiras para a aprendizagem. Colocando como foco o especial da educação sem atribuir esta característica ao alunado. Autoria: Dayanne Soares de França¹; Vera Telma Macedo da Rocha¹*; Orientador: Carlos Henrique de Freitas Burity² ¹Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas (Escola de Ciências da Saúde, Unigranrio); ² Docente do Curso de Ciências Biológicas (Escola de Ciências da Saúde, Unigranrio);*telma.vera@gmail.com , Rua Professor José de Souza Herdy, 1160. CEP 25071-200, Duque de Caxias, RJ. RESUMO: O presente trabalho propõe-se à elaboração de modelos didáticos tridimensionais para o ensino de biologia em seu conteúdo de citologia e histologia para alunos com déficit visual e normovisuais. Com o objetivo de criar instrumentos potencializadores e facilitadores da aprendizagem com a perspectiva de proporcionar a inclusão de forma homogênea, visto que um mesmo instrumento de ensino será utilizado por todo o alunado, portador de necessidades especiais (déficit visual) ou para os normovisuais de maneira cooperativa e participativa possibilitando uma melhor interiorização dos conceitos. Objetivando também oferecer ao professor de biologia uma ferramenta para o ensino de citologia e de histologia que poderá ser utilizada em sala de aula por todo o alunado. O trabalho foi desenvolvido em um período de 01 (um) ano, em um primeiro momento confeccionando os modelos didáticos, e posteriormente desenvolvendo as aulas nas Instituições de Ensino que foram o cenário de aplicação deste trabalho. Palavras-chave: Ensino de Biologia, modelos didáticos, educação inclusiva, deficiente visual ABSTRACT: This paper proposes the development of three-dimensional teaching models for biology teaching in their content of cytology and histology to students with visual impairment and sighted. With the goal of creating tools enhancers and facilitators of learning with the prospect of providing a homogeneous inclusion, as a teaching tool that will be used throughout the student with special needs (visual impairment) or so for the sighted cooperative and participatory enabling a better internalization of the concepts. In order to also provide a professor of biology tool for teaching cytology and histology that can be used in classrooms around the students. The work was developed over a period of 01 (one) year, at first fashioning educational models, and later developing classes in educational institutions that were the scenario of implementation of this work. Key-word: Teaching Biology, didactic models, inclusive education, visually impaired INTRODUÇÃO: A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988) e as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394/96 (Brasil, 1996) – estabelecem que a educação seja direito de todos e que as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter atendimento educacional "preferencialmente na rede regular de ensino", garantindo atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência. A deficiência é um tema extremamente delicado, em seu trabalho sobre a obra O Que é Deficiência, da antropóloga Débora Diniz, publicada na Coleção Primeiros Passos (QUEIROZ, 2007), ressalta que: “A deficiência resulta de um relacionamento complexo entre as condições de saúde de um indivíduo e os fatores pessoais e externos, sendo um conceito guarda-chuva que associa a concepção médica de lesão aos aspectos negativos da interação entre o sujeito e o contexto social. A autora faz menção a uma chamada de justiça social, pois nunca, na história da civilização humana, tantas foram as demandas de respeito aos direitos humanos, que passaram a ser, por esta razão, o vértice das ações governamentais dos países democráticos. Como lembra a autora os desafios sobre o tema ainda são muitos, mas o entendimento de que a deficiência é uma expressão da diversidade de estilos de vida é um avanço sem precedentes para a concretização de um projeto de justiça social urgente: a integração dos deficientes”. Sobre educação inclusiva (CARVALHO, 2009) cita que o que deve ser considerado especial são as alternativas educativas organizadas pela escola, os métodos e procedimentos de ensino bem como os recursos a serem utilizados para atender este alunado específico e com estes remover barreiras para a aprendizagem. Colocando como foco o especial da educação sem atribuir esta característica ao alunado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da Educação Inclusiva desperta a posição do professor e sua importância frente ao aluno, citando que os professores embora muitas vezes tenham que recorrer ao apoio de professores especialistas e de outros profissionais como terapeutas, não podem abdicar e transferir para eles a responsabilidade do professor regente como condutor da ação docente. Portanto é importante que o docente desenvolva habilidades para o atendimento aos alunos. Permitindo suprir demandas e particularidades de cada educando focando sempre o ensino no aluno e não no alunado. A educação precisa ser pensada individualmente e nunca como turma ou grupo de alunos. Neste sentido a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) preconiza que os sistemas de ensino assegurem ao educando com necessidades especiais: métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades. Deste modo com a perspectiva de uma escola inclusiva faz-se necessário ao professor da rede regular de ensino que recebem, entre outros, alunos portadores de limitações visuais, o conhecimento de instrumentos de ensino com que venham atender este alunado específico. RESULTADOS: Ao término da aula com a utilização dos modelos didáticos foi proposto aos alunos do colégio Venâncio (Figura 5 e 6) um questionário para avaliação de aproveitamento da aula, este demonstrou que 70% alunos tiveram resultado ótimo com respostas precisas e respondendo a todas as questões propostas corretamente, e 30% alunos tiveram resultados regulares com respostas parcialmente corretas. Sendo unânime a opinião entre os alunos de que eles aprenderam melhor com a visualização da aula através dos modelos didáticos. Quanto da aplicação da aula na sala de recursos do Ciep 180 (Figura 7 e 8) para alunos com déficit visual obteve-se em um grupo de 8 alunos resultado ótimo com aproveitamento e interiorização dos conceitos, respeitando as peculiaridades e grau de instrução de cada um visto ser uma sala mista com alunos do ensino fundamental, do ensino médio e do EJA. Esta aula foi aplicada individualmente a cada aluno. Estes demonstraram especial interesse em visualizar através do tato aquilo que se estava ensinando e conseguiram perceber e distinguir as estruturas propostas. Foi feita uma entrevista com cada um dos alunos e colhida a opinião deles bem como a avaliação de aproveitamento da aula que demonstrou assimilação satisfatória da aula por parte dos alunos. Com estes também foi unânime a opinião de que os modelos didáticos facilitam o entendimento dos conteúdos propostos. No trabalho feito por (RIBEIRO e FIGUEREDO, 2004) foram desenvolvidas a priori peças de cortiças e desenhos em alto relevo de imagens microscópicas das disciplinas de Citologia e Histologia Geral para atender a necessidades de um aluno da classe portador de deficiência visual. Esta incursão teve tanto êxito que o referido aluno se tornou monitor destas disciplinas, auxiliando colegas que haviam ficado em exame especial. “Aquele era o único jeito para que eu entendesse as imagens de células e tecidos” pontuou o referido aluno, hoje Fisioterapeuta do Hospital das clínicas da UFMG. Posteriormente este trabalho foi ampliado. Em seu trabalho com anatomia vegetal (CECCANTINI, 2006) manifesta seu entusiasmo em relação ao uso de modelos didáticos tridimensionais como recurso didático para alunos normovisuais trazendo um aspecto lúdico e agradável à aula. Tentando descrever a maneira como a educação inclusiva deve acontecer (MARUYAMA e SAMPAIO, 2009) pontua: “Para que ocorra inclusão escolar do aluno com baixa visão, com critério, é importante que ele vivencie experiências significativas, tenha sua auto-estima trabalhada e fortalecida através de um trabalho pedagógico onde consiga lidar com seus limites, frustrações e capacidades, além de proporcionar-lhe o exercício consciente da cidadania”. A inclusão não é adicionar a educação especial no contexto regular, mas homogeneizar (relacionar/ estabelecer relações) tanto quanto possível ambas as práticas de ensino proporcionando a harmonia em torno de um único objetivo: a participação e a aprendizagem de todos os alunos, especiais ou não. Pensando nos conceitos acima citados o presente trabalho propõe-se (discutir/ apresentar sugestões relacionadas à) à elaboração de modelos didáticos tridimensionais com a perspectiva de apresentar um recurso facilitador e potencializador da aprendizagem. Neste sentido, promover a inclusão de forma homogênea visto que um mesmo instrumento de ensino será utilizado por todos os alunos da turma, portadores de necessidades especiais ou não, de maneira cooperativa e participativa para que ocorra uma melhor interiorização de conceitos da biologia. Objetivando também oferecer ao professor de biologia uma ferramenta para o ensino de citologia e de histologia que poderá ser utilizado em sala de aula por todo o alunado. MATERIAIS E MÉTODOS: O trabalho aqui descrito foi desenvolvido com alunos da sala de recursos para portadores de necessidades especiais (déficit visual) do Ciep nº 180 no município de são João de Meriti - RJ. Também foi aplicado na Escola Venâncio Pereira Velloso para alunos regulares do 1º ano do ensino médio no município de Duque de Caxias - RJ. Com acompanhamento dos professores das instituições acima citadas. Os modelos utilizados foram selecionados através de atlas (BURITY, 2004) e livros didáticos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2008) e confeccionados a partir de materiais escolhidos de acordo com a necessidade e formato dos mesmos tomando por base o trabalho de (CERCCANTNI – 2006). Neste sentido foi utilizado: massa de biscuit, isopor, base de madeira, contact e tinta para pintura para confecção dos mesmos. Não houve custo expressivo para tanto. Os modelos foram montados em formato tridimensional e presos a uma base de madeira coberta com contact medindo cada um em média 40cm² (Figuras 1 a 4). Foi elaborada uma aula expositiva acompanhando passo a passo os modelos didáticos. Esta teve como referência o livro de biologia para o ensino médio de (LOPES e ROSSO, 2008). Posteriormente esta aula foi traduzida para o Braille, esta tradução foi realizada em parceria com o Instituto Benjamin Constant - Ministério da Educação - Governo Federal, a finalidade desta é dar ao aluno deficiente visual autonomia para estudar em salas de recursos. Foi feita uma coleta de dados por meio de entrevistas e questionários entre os alunos participantes das aulas com vistas a pontuar a relevância deste tipo de recurso didático no ensino regular para deficientes visuais e normovisuais como meio de integração e aprendizagem mútua. RESULTADOS: Ao término da aula com a utilização dos modelos didáticos foi proposto aos alunos do colégio Venâncio (Figura 5 e 6) um questionário para avaliação de aproveitamento da aula, este demonstrou que 70% alunos tiveram resultado ótimo com respostas precisas e respondendo a todas as questões propostas corretamente, e 30% alunos tiveram resultados regulares com respostas parcialmente corretas. Sendo unânime a opinião entre os alunos de que eles aprenderam melhor com a visualização da aula através dos modelos didáticos. Quanto da aplicação da aula na sala de recursos do Ciep 180 (Figura 7 e 8) para alunos com déficit visual obteve-se em um grupo de 8 alunos resultado ótimo com aproveitamento e interiorização dos conceitos, respeitando as peculiaridades e grau de instrução de cada um visto ser uma sala mista com alunos do ensino fundamental, do ensino médio e do EJA. Esta aula foi aplicada individualmente a cada aluno. Estes demonstraram especial interesse em visualizar através do tato aquilo que se estava ensinando e conseguiram perceber e distinguir as estruturas propostas. Foi feita uma entrevista com cada um dos alunos e colhida a opinião deles bem como a avaliação de aproveitamento da aula que demonstrou assimilação satisfatória da aula por parte dos alunos. Com estes também foi unânime a opinião de que os modelos didáticos facilitam o entendimento dos conteúdos propostos. DISCUSSÃO: A importância da utilização de materiais específicos e que se propõe a minimizar as dificuldades no aprendizado pelos alunos com necessidades especiais foi pontuada por (CARVALHO, 2009), neste sentido o presente trabalho atende as especificidades deste alunado diminuindo as barreiras para a aprendizagem, transformando a aula em um momento especial e prazeroso tanto para o aluno quanto para o Professor. O trabalho desenvolvido por (RIBEIRO e FIGUEREDO, 2004), propôs um recurso didático semelhante ao que foi feito neste trabalho à época eles utilizaram peças confeccionadas com cortiça e desenhos em alto relevo, aqui o material utilizado foi massa de biscuit, no entanto os resultados em ambos foram semelhantes, trazendo ao alunado um recurso didático facilitador e potencializador da aprendizagem. A utilização dos materiais propostos para a confecção dos modelos mostrou-se bastante eficaz visto que os modelos ficaram fáceis de manusear e também leves, Conforme já foi atestado no trabalho de (CECCANTINI, 2006). Conforme também explicitou (CECCANTINI, 2006) em seu trabalho, após avaliação com os alunos ficou clara a importância e relevância deste recurso didático para o aprendizado de alunos normovisuais tanto quanto para alunos com necessidades visuais especiais. Em entrevista que nos foi dada pela professora Aida Guerreiro de Oliveira da sala de recursos do Ciep 180 que também é deficiente visual e participou ativamente da aula ministrada, esta pontuou o seguinte: “Eu achei o trabalho relevante principalmente para os deficientes visuais. Com este trabalho há uma prova, vocês estão mostrando que tudo é possível. Por que o aluno que tem a sua visão ele encontra figuras em livros, vê vídeos, vai à internet e está tudo visual lá pra ele, mas o deficiente visual como é que fica? Nós temos tecnologia e acesso a internet, mas o nosso programa não vai detalhar essas imagens pra gente e por isso não vamos conseguir ter o mesmo entendimento. Vocês criaram um objeto que nos permite compreender uma célula animal, uma célula vegetal, esta é uma maneira com a qual podemos ver, porque nós só conseguimos ver com as pontas dos dedos, com isso vamos nos equiparar aos normovisuais que conseguem enxergar as figuras. Ficou bem clara pra nós a distinção das estruturas que vocês mostraram através dos modelos. É importante pra nós também o fato de vocês terem preparado a aula em braile porque ainda são poucos os materiais que nós temos nesta modalidade e nós professores precisamos estimular os alunos à leitura senão caímos no comodismo do livro falado. Este trabalho é sem dúvida relevante e pertinente para o aluno deficiente visual.” Obtivemos através das avaliações de aproveitamento de aula um resultado muito positivo quanto ao uso de modelos didáticos como recurso para o ensino de citologia e histologia tanto para alunos normovisuais quanto para deficientes visuais, todos demonstraram efetiva aprendizagem após a aula. Ficando assim explicitado a importância da utilização deste recurso no ensino de Biologia, os alunos demonstram especial interesse na aula voltando sua atenção para as estruturas propostas com curiosidade e motivação. Promovendo também uma maior interação entre o professor e o seu aluno. Referências: BRASIL, Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Capítulo III Seção I - Educação, Art. 205 e 206. Brasília, 1988. BRASIL, Congresso Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União n. 248, de 23/12/96, Seção I, p. 27833. Brasília, 1996. BURITY, Carlos Henrique de Freitas. Caderno de atividades em morfologia humana: embriologia, histologia e anatomia. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2004. CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. 8º Ed Porto Alegre, 2009 pp19, editora Mediação. CECCANTINI, Gregório. Os tecidos vegetais têm três dimensões. Rev. bras. Bot. [online]. 2006, vol.29, n.2, pp. 335-337. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, José. Histologia básica. 11. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2008. LOPES, Sonia; ROSSO, Sérgio. Biologia Volume Único. 1ª Ed. São Paulo, SP: Editora Saraiva 2008. MARUYAMA, Aparecida Tapia; SAMPAIO, Paulo Ricardo Souza and REHDER, José Ricardo Lima. Percepção dos professores da rede regular de ensino sobre os problemas visuais e a inclusão de alunos com baixa visão. Rev. bras.oftalmol. [online]. 2009, vol.68, n.2, pp. 73-75. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (ENSINO MÉDIO) Parte III - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf <acessado em: 18/04/2011>. QUEIROZ, Arryanne. Deficiência, saúde pública e justiça social. Cad. Saúde Pública [online]. 2007, vol.23, n.12, pp. 3067-3069. RIBEIRO, M.G.; FIGUEREDO, B.G. A Célula ao alcance da mão – Ensino dinâmico de ciências também para deficientes visuais. In: Workshop Internacional “Educação em museus e Centros de ciências, Rio de Janeiro, 2004. Anais. VITAE 2004. P. 218-231. Publicado por: Professora Vera Telma em 25/03/2014
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O que deve ser considerado especial são as alternativas educativas organizadas pela escola, os métodos e procedimentos de ensino bem como os recursos a serem utilizados para atender este alunado específico e com estes remover barreiras para a aprendizagem. Colocando como foco o especial da educação sem atribuir esta característica ao alunado.

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